J.L. Campos¹, A. Mio Pos², P. Souza Campos³
¹Dr. José Luiz de Campos, Médico Anestesiologista com Área de Atuação em Terapia de Dor reconhecido pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Regional de Medicinal (CRM-SP). Fellow Interventional Pain Practice (FIPP), Cleveland Clinic (retire 2010). Certified International Property Specialist (CIPS), Miami. Coordenador do Centro de Ensino e Treinamento para Especialização em Dor, CET/SBA, Hospital Vera Cruz, Campinas-SP. Médico coordenador do Ambulatório de Dor do Hospital Vera Cruz, Campinas-SP. Diretor Médico do Instituto Adora, Centro de Tratamento de Dor, Campinas-SP. josluizc@gmail.com; ²Dr. Alexandre Mio Pos, Médico Anestesiologista e preceptor da residência do Hospital das Clinicas da UFMG. Especialização em dor pelo IEP Sírio Libanês/SP. Mestrado em Dor Oncológica pela Faculdade de Ciências Médica de Minas Gerais. Coordenador da Clinica de dor Multiprofissional – REGENERAR / Brasília – DF. Coordenador da pós graduação em terapia da dor da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana – FASEH / BH. Diretor da empresa Innovation for Pain – ensino e educação. Alexmiopos@gmail.com; ³Pedro de Souza Campos, Médico graduado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí. pedro_campos97@hotmail.com
Introdução
O efeito de alívio da dor pela crioterapia é algo descrito desde os antigos, e seus primeiros registros escritos são de Hipócrates em 460-377 AC.
A dor é um problema presente na vida de diversas pessoas e sempre buscamos um meio de resolvê-la ou atenuá-la.
A Crioablação ou Crioneorólise é um meio extremamente eficaz para alívio da dor em neuropatias crônicas, mesmo nas situações de dores crônicas resistentes a outros tratamentos. Além disso, as complicações são mínimas e, após aplicação, pode-se associar outros métodos como a fisioterapia, por exemplo. Dessa forma, a crioterapia não exclui os métodos tradicionais, mas os complementa e torna o objetivo de alívio/tratamento da dor algo mais palpável.
Mas o que seria a Crioablação?
Ela consiste na aplicação de baixíssima temperatura a um nervo não motor, restringindo reversivelmente a transmissão da dor. Importante relatar que este procedimento não causa nenhuma alteração motora e/ou de sensibilidade no paciente.
E como é feito este procedimento?
A técnica da Crioablação consiste na inserção de um “probe” semelhante a uma agulha fina, através da pele do paciente, sem a necessidade de cortes, utilizando um método de imagem para guiar esta inserção de forma segura, precisa e em tempo real.
Na Crioablação é feita a localização exata do nervo afetado sob exame de imagem e estimulação elétrica.
Em seguida, o nervo é congelado de 60 a 180 segundos em uma temperatura de -40 a -60°C. Este congelamento provoca uma lesão proposital no nervo (denominada axonotmese), mas deixa intacto os tecidos ao redor e permite a regeneração do nervo a ser tratado.
CASO CLÍNICO
Paciente JLM, 67 anos, sem comorbidades prévias, branca, católica, natural de Campinas.
Relata dor em face lateral de perna esquerda há 10 anos, de forte intensidade, em choque, constante, com piora à movimentação membro, sem fatores de melhora, sensível ao toque e resistente a diversos tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos.
Ao exame físico paciente apresentava dor e sensação de choque na região lateral de perna esquerda mediante a mobilização desta, presença de reflexos tendíneos do MIE e leve alteração tátil-térmica-dolorosa aos testes sensitivos.
Com o auxílio de ultrassonografia e RNM, foi diagnosticado neuroma do nervo fibular comum na perna esquerda. Assim, foi agendado o procedimento de Crioablação e prescrita medicação analgésica sob a forma de associação de anti-inflamatório não hormonal e carbamazepina para ser utilizada até o dia da Crioterapia.
A Crioablação foi realizada com técnica guiada por ultrassom e a localização do probe também foi melhor definida com estímulo sensitivo menor que 0,5V. Em seguida foi realizada a crioterapia com dois ciclos de dois minutos a -60°C. No pós-operatório, paciente apresentou alívio da dor após as primeiras 24h e em uma semana apresentou analgesia na região acometida de 70%, voltando a realizar atividades físicas e de rotina. Quadro este que persiste durante o seguimento de 9 meses.
Conclusão:
A crioablação pode ser uma alternativa para tratamento de alguns tipos de neuropatia, associadas ou não a presença de neuromas. Já é uma técnica utilizada em vários países, com diversos relatos de casos, porém, necessita de um maior número de publicações com randomizações de casos para compreendermos melhor os resultados da crioablação e seus efeitos.
Imagem 1: localização do neuroma do fibular comum eco guiado. Probe linear em sagital ao nervo com acesso em plano.
Imagem 2: visão ecográfica da bola de gelo sendo aplicada sobre o neuroma do nervo fibular comum.
Vídeo 1 (Anexo): bola de gelo aplicada durante crioterapia em neuroma do fibular comum
REFERÊNCIAS: